segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Reino dos Céus está "próximo"?

Recebi hoje de um amiga muito querida esta mensagem com o Evangelho do dia (Mateus 4, 12-17.23-25) e com o seguinte texto do Santini, da Comunidade Nova Aliança.
Trata-se, sem dúvida, de uma mensagem de Natal, deste tempo que no calendário litúrgico ainda se estende. Do Natal de um Deus que, por amor a cada um de nós, desce da glória do mais alto dos céus para assumir a nossa carne e nossa humildade de criatura para nos mostrar como viver de acordo com a Sua vontade, como deve ser feita a Sua vontade!Será que como cristãos seguimos os passos deste Deus que é Amor e que, por Amor, "levanta do pó o indigente e tira o pobre do monturo, para, entre os príncipes, fazê-lo sentar, junto dos grandes de seu povo" (Salmo 113/112)? Que, por Amor, desce das alturas e vem a socorro dos pequenos?

Evangelho do dia 05 de janeiro de 2008, segundo São Mateus:

"Quando Jesus soube que João tinha sido preso, foi para a região da Galiléia. Não ficou em Nazaré, mas foi morar na cidade de Cafarnaum, na beira do lago da Galiléia, nas regiões de Zebulom e Naftali. Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta Isaías tinha dito:
' Terra de Zebulom e terra de Naftali,
na direção do mar,
do outro lado do rio Jordão,
Galiléia, onde moram os pagãos!
O povo que vive na escuridão
verá uma forte luz!
E a luz brilhará sobre os que vivem
na região escura da morte! '

Daí em diante Jesus começou a anunciar a sua mensagem. Ele dizia:
- Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!

Jesus andou por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, anunciando a boa notícia do Reino e curando as enfermidades e as doenças graves do povo. As notícias a respeito dele se espalharam por toda a região da Síria. Por isso o povo levava a Jesus pessoas que sofriam de várias doenças e de todos os tipos de males, isto é, epiléticos, paralíticos e pessoas dominadas por demônios; e ele curava todos. Grandes multidões o seguiam; eram gente da Galiléia, das Dez Cidades, de Jerusalém, da Judéia e das regiões que ficam no lado leste do rio Jordão."


Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança:

O Reino está próximo... (Mt 4, 12-17.23-25)

Este Evangelho costuma dar espaço a um equívoco muito comum. Quando Jesus anuncia que o Reino está “próximo”, quase sempre este adjetivo é traduzido como “próximo no tempo”, isto é, o Reino “não tarda a chegar”.

Ora, o Reino já chegou. O Reino de Deus – ou seja, o espaço onde a vontade do Pai é plena obedecida e realizada – é uma Pessoa: trata-se do próprio Jesus. Dizer que o Reino está próximo significa declarar que Jesus está no meio de nós e, por isso mesmo, bem ao nosso alcance. Trata-se de uma proximidade geográfica.

Sim, Aquele com quem os patriarcas sonharam, Aquele que os profetas anunciaram – ei-lo agora em nossas estradas, em nossas praças, em nossas esquinas. Nicodemos pode falar com ele na escuridão da noite. A samaritana pode vê-lo suado à beira do poço de Jacó. A hemorroíssa pode aproximar-se e tocar seu manto para ser curada. A pecadora pode lavar-lhe os pés com suas lágrimas abençoadas. Ele está no meio de nós.

Os teólogos gostam de dizer que, em Jesus Cristo, o Deus transcendente (isto é, fora de nossa alcance) se fez imanente (entrou na história e no espaço dos homens). Em outros termos, Deus “baixou”! Era Deus e, descendo, fez-se homem. Desce mais e se faz servo, lavando os pés dos discípulos. Desce mais e aceita ser tratado como escravo ao morrer na cruz (suplício proibido a um cidadão romano, como Paulo). Continua sua descida, baixando da cruz ao túmulo, como qualquer mortal.

Pois o Senhor não acaba de descer. Após sua morte, desce à mansão dos mortos (cf. 1Pd 3, 19; 4, 6) para anunciar-lhes a Boa Nova. Enfim, como se não bastasse todo esse rebaixamento – sua kênosis ou despojamento (cf. Fl 2, 6-8) –, Ele ainda desce em cada Eucaristia: ali no altar, na forma humilde de pão, faz-se nosso alimento de caminhada.

Depois de tudo isso, é hora de abandonar a visão de um cristianismo em forma de subida ou escalada, galgando heroicamente os cumes da santidade. Deus desceu. Está próximo. Identifica-se com todo aquele que sofre em sua humana condição: o faminto e o sedento, o presidiário e o enfermo, o que não tem roupa nem casa.

Esta é de fato uma Boa Nova. Deus se faz próximo. Não se oculta além das galáxias. Basta estender a mão e o encontraremos.

Você estenderá a sua?

Orai sem cessar: “Mas vós, Senhor, estais bem perto!” (Sl 119 [118], 151